5 filmes para conhecer: Godzilla

Godzilla, criação de Eiji Tsuburaya (pai de Ultraman), do produtor Tomoyuki Tanaka e do diretor Ishirō Honda é certamente, um dos maiores monstros do cinema, com uma filmografia prolifica e um grande multi-verso que conta com mais de 29 filmes (fora as adaptações, versões Americanas e spin-offs) e também, é considerado o grande pioneiro do gênero Tokusatsu. Então, se você nunca assistiu nada do Rei dos monstros, ou mesmo só assistiu a versão Americana de 2014 e não teve qualquer contato com nenhum filme Japonês da franquia, preparei esse top 5 (sem ordem específica) para aqueles que querem se iniciar nessa grande franquia. 

  • The Return Of Godzilla (1984) 

    Ele é um produto da civilização. Os homens são os únicos monstros reais. Godzilla é como uma arma nuclear... Uma arma nuclear viva destinada a andar pela Terra eternamente. Indestrutível. Uma vítima da era nuclear moderna." - Dr Hayashida
The Return of Godzilla (ou Godzilla 1984), embora tenha sido produzido na era Showa, é o filme que inicia toda a continuidade da era Heisei da franquia do monstrão. Ele segue como uma sequência do filme original de 1954, ignorando todas as demais continuações. E é de longe um dos meus favoritos da franquia pela trama mais consistente, trazendo de volta o Godzilla amedrontador e aterrorizante que havia se perdido nos filmes da década de 60 e 70.

Um dos destaques da trama é todo o contexto em que a história é apresentada: os conflitos políticos em plena guerra fria e a questão nuclear, é interessante ver o foco que é dado para o aspecto politico e como os países, abandonando suas diferenças e rusgas, se reúnem para lidar o terror de Godzilla que aqui, é mostrado como um fruto dos próprios erros da humanidade, ao invés de uma punição de Deus ou da natureza (como era constantemente dito nos filmes Showa). É um filme que deve ser visto, não só por ser um filme do Godzilla, mas também por passar uma mensagem importante e séria por trás.

A história se segue a partir do momento em que repórter Goro Maki , encontra um navio pesqueiro com quase todos os tripulantes mortos,após ser atacado por um ser estranho é salvo pelo único sobrevivente e unica testemunha do que aconteceu, ele jura que viu "a ilha se mexer". Caberá aos dois provar a terrível realidade: Godzilla está de volta.

  • Godzilla Vs. Biollante (1989)


Com o sucesso de Return Of Godzilla, a Toho decidiu reviver a franquia. Um concurso foi feito pela produtora em que várias pessoas poderiam enviar seus próprios roteiros para serem avaliados. O roteiro vencedor desse concurso se tornou o filme "Godzilla Vs. Biollante". Esse é um dos mais queridos pela fanbase, não só pelo enredo e pela parte visual, mas por mostrar um monstro totalmente novo e elementos nunca antes vistos na franquia (como telepatia, por exemplo).

Em 1985, num país do Oriente Médio, um cientista combina o código genético de Godzilla, com o de uma rosa e o DNA de sua filha falecida. O resultado é Biollante, uma planta misteriosa de proporções titânicas. Para piorar a situação, uma vidente, detecta que Godzilla está tentando fugir da sua prisão vulcânica.


  • Godzilla Vs. King Ghidorah (1991) 

Aqui o arqui-inimigo de Godzilla retorna, King Ghidorah, só que agora mais modernizado. O filme também remonta uma nova origem para ambos os monstros. Sou suspeito para falar sobre esse filme já que Godzilla contra o monstro do mal (como foi lançado por aqui em VHS) foi um dos meus primeiros contatos com Tokusatsu lá no início dos anos 2000, quando eu tinha uns 5 ou 6 anos (coloco Ultraman Tiga junto, já que não me lembro qual dos dois assisti primeiro) e mesmo depois que cresci e tomei consciência do que é o gênero, esse continua sendo o meu favorito da filmografia do Rei dos Monstros.

 Quando um OVNI pousa no Japão e seus tripulantes alegam vir de um futuro onde o país foi destruído por Godzilla, um grupo de pesquisadores junta-se a eles em uma viagem ao passado para evitar o surgimento do monstro. Mas isso acaba por trazer à vida um ser ainda mais terrível, King Ghidorah, mas apenas o próprio Godzilla é capaz de enfrentá-lo.


  • Shin Godzilla (2016)

Algum tempo atrás, navegando pela Tokunet gringa, me deparei com um texto que apontava os "erros" de Shin Godzilla, filme de 2016. O tal texto, que detonava a produção, me fez refletir sobre a razão ter sido recebido com uma onda de hate pelos fãs no ocidente, enquanto foi aclamado no Japão.

A produção do diretor Hideaki Anno (sim, o cara do Evangelion), que é um fã de Tokusatsu de longa data, e seu parceiro de direção Shinji Higuchi (sim, o cara de Attack On Titan), buscou trazer de volta o tom amedrontador, tenso e de caos que acabou por se perder na franquia. Talvez, o público esteja acostumado com contexto "heroico" de Godzilla e seus combates com outros monstros, no qual, o rei dos monstros acaba salvando o dia - aliais, podemos ver um pouco disso até no filme Americano de 2014 - no entanto, não devemos esquecer jamais que em sua concepção mater, ele representa a personificação definitiva do medo nuclear, a representação viva do horror das bombas atômicas, esse foi o argumento principal do filme original de 1954, do retorno em 1984 e de uma forma modernizada nesse "renascimento" de 2016 (tendo com inspiração o acidente nuclear real de Fukushima em 2011).

Ainda, talvez, aqui no ocidente o filme tenha vindo em um momento errado - logo após o furor do lançamento do já citado Godzilla Americano de 2014 pela Legendary - o público especializado pode ter criado uma expectativa para o "novo Godzilla Japonês", como algo grandioso que de certa forma concorresse diretamente com o da Legendary - para o público geral (os não aprofundados na franquia), o filme soou destoante do "esteriótipo" do monstro.

De fato, Shin não possuí lutas épicas entre Kaijus e nem um grande climax heroico de blockbuster que agrada tanto os fãs. Nesse aspecto é bem mais poético, aqui temos o cerne inicial tudo: Humanos tendo que lidar com uma ameaça máxima e sem precedentes, invencível, uma arma nuclear viva que evolui biologicamente, uma aparente punição da natureza aos pecados da humanidade e que a cada transformação leva a todos um sentimento de desespero, pânico e impotência mediante a catástrofe sem precedentes, que se torna intencionalmente uma torrente de depressão e melancolia, com a finalidade de fazer o espectador abandonar toda a positividade e cair sensação de que "nada vai ficar bem no final" - o sentimento que todos teríamos em uma situação dessas.

Shin Godzilla (ou Godzilla: Ressurgence), pra mim, é a produção mais ousada da Toho em anos. Aparentemente, não é o tipo de coisa que o público geral espera (a própria Toho se deu conta disso e anunciou recentemente que tem interesse em rebootar seu universo de kaijus). Mas funciona muito bem caso seja assistido com a cabeça livre dos padrões e esteriótipos que a franquia criou.

  • Godzilla (1954)
A humanidade havia criado a bomba e agora a natureza iria se vingar da humanidade

E como não poderia deixar de ser, o original, por razões óbvias, o filme que foi o pontapé inicial para todas as produções de efeitos especiais no Japão (as quais, nós chamamos de Tokusatsu). O grandioso, colossal e aterrador. Talvez, o filme não causa mais tanto impacto para o público de hoje, já acostumado com os efeitos computadorizados. Mas faça um teste de imersão: tente se imaginar como alguém da década de 50, assistindo esse filme numa sala de cinema. 

Gojira é a representação do terror causado pelas bombas atômicas, do ponto de vista dos Japoneses, o medo e o pavor eminentes de uma civilização abalada por algo monstruoso (tal qual os bombardeios). Um monstro de 50 metros, nascido da radiação e que possuiu um sopro atômico aniquilador, seguindo sua rota de destruição pelo Japão. Sua roupagem, em preto-e-branco e seu andamento lento (normal para produções Orientais da época) aumentam ainda mais a experiência vertiginosa de se assistir esse filme. 

O produtor Tomoyuki Tanaka declarou que "O tema do filme, desde o início, era o terror da bomba. A humanidade havia criado a bomba e agora a natureza iria se vingar da humanidade". O diretor Ishiro Honda filmou a fúria de Godzilla sobre Tóquio se inspirando na destruição causada pelos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, afirmando: "Se Godzilla tivesse sido um dinossauro comum ou algum outro animal, ele teria sido morto por apenas uma bala de canhão. Mas se ele fosse igual a uma bomba atômica, não Então, peguei as características de uma bomba atômica e as apliquei no Godzilla".


Por hoje foi isso! Espero que essas indicações desperte sua curiosidade para a franquia pioneira do Tokusatsu, já que se não fosse nosso querido monstrão atômico, nada disso teria sido criado.

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